BIM News

A Transformação Digital, tema abordado pelo XXI Congresso da Ordem dos Engenheiros, é sem dúvida uma temática desafiante no âmbito da engenharia. Por um lado, está a levar a um avanço tecnológico disruptivo, capaz de alterar de forma permanente os processos e metodologias de trabalho, por outro, está a desafiar as tradicionais estruturas de organização e qualificação existentes.

Se em tempos a especificidade de cada especialidade da engenharia (informática, mecânica, civil, eletrotécnica, etc.) justificavam a sua abordagem isolada, hoje em dia a complexidade dos problemas que o engenheiro enfrenta obriga a uma abordagem transversal e integrada, muito suportada por tecnologia e inovação, em que as competências em programação, inovação, gestão de processos e gestão de pessoas surgem com especial relevância. 

Quando se fala num aumento da complexidade dos problemas, fala-se essencialmente numa maior exigência de qualidade e desempenho, mas também numa interconexão inevitável entre diferentes realidades, proporcionada pela sua digitalização, por exemplo, entre a necessária ligação estratégica, funcional e operacional de um edifício, uma infraestrutura e uma cidade. Ou seja, o ambiente construído já não é uma soma de “objetos” construídos, mas o resultado de uma construção conjunta e integrada. O mesmo raciocínio pode ser feito para a escala de um edifício, que com o avançar das novas tecnologias deve ser pensado, planeado e executado potenciando toda a inteligência possibilitada pelas novas tecnologias, o que obriga a uma abordagem necessariamente diferente.

É, sem dúvida, um grande desafio para a Engenharia, discutir e pensar a Transformação Digital e o papel do Engenheiro (e suas diferentes competências) na sociedade do futuro. Pessoalmente, acredito que a visão da engenharia deve ser potenciada no sentido de abraçar uma visão estratégica e integrada do ambiente construído e da sociedade, potenciando a participação do engenheiro, e principalmente da sua visão prática e aplicada da engenharia, na definição e gestão das políticas para um futuro mais eficiente e sustentável. Para isso, é importante toda a discussão em torno da própria transformação do engenheiro ou processo de adaptação a esta, tão falada, transformação digital.